Alerta: tendência de aumento nas queimaduras por álcool

 Alerta: tendência de aumento nas queimaduras por álcool

 

O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 e o uso mais constante de álcool para higienizar as mãos acendem um novo alerta nas unidades de saúde e no Corpo de Bombeiros de Minas Gerais: o aumento no risco de acidentes com o produto químico. Recente publicação da Sociedade Brasileira de Queimaduras revela dado alarmante: os médicos que trabalham nos Centros de Tratamentos de Queimados de todo o Brasil têm identificado uma preocupante tendência de aumento de acidentes com queimaduras desde o dia 19 de março, quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a venda do álcool líquido para a população, com o objetivo de combater o coronavírus. Conforme o levantamento realizado pela SBQ, de 19/03 até 15/04, foram identificados 122 internações em 25 unidades de atendimento – o país possui 65 – por causa do uso do álcool em gel ou líquido, além dos casos ambulatoriais, de menor complexidade.

 

Referência nacional no tratamento de acidentados e queimados, o Hospital João XXIII mantém seção especializada, a Unidade de Tratamento de Queimados. Coordenadora do serviço, Kelly Danielle de Araújo reforça que o risco é potencializado com o uso e o armazenamento de álcool em casa. “As queimaduras por fogo costumam ser as mais profundas e, por isso, as mais graves. Há, ainda, o perigo da inalação de fumaça e, por consequência, a queimadura de vias aéreas. Por isso, não recomendamos o uso de álcool para higienização da casa, tampouco para assepsia de mãos em ambiente doméstico”, ressalta. Ainda segundo a médica, no João XIII houve um aumento de em média 25% no número de pacientes com queimaduras de médio e grande porte do mês de março para cá, muitas vezes ocasionadas por acidentes com álcool líquido. “O uso de álcool líquido não é indicado em hipótese nenhuma para cuidado pessoal, e o de álcool gel só fora de casa. Importante lembrar de levar o produto na bolsa e de não deixá-lo no carro pois pode haver risco de acidentes”.

 

Limpeza – No lugar de álcool, a médica indica como produto mais recomendado para limpeza o hipoclorito de sódio (água sanitária) na concentração de 2,0% a 2,5%. A diluição ideal é de 1 copo (200 ml) de água sanitária para 5 litros de água. O enxágue deve ocorrer após dez minutos. Já para assepsia das mãos, quem está em casa deve priorizar lavá-las com água e sabão, friccionando palmas, dorso, dedos e unhas por pelo menos 20 segundos antes de enxaguar. “O álcool em gel é uma medida de higienização apenas para quem está na rua e não tem água e sabão disponíveis”, reforça a médica

 

Queimaduras – As queimaduras são consideradas um importante problema de saúde pública, que podem provocar graves sequelas e até mesmo a morte. No Brasil, as queimaduras representam os acidentes mais frequentes em crianças no ambiente domiciliar, sendo uma das principais causas de morte por trauma em crianças até os 14 anos de idade. Entre as causas há queimaduras com líquido quente (acidente comum na cozinha); queimaduras por contato ou descarga elétrica (dedo na tomada) e com líquidos inflamáveis. No país, o álcool é o principal agente de queimaduras com líquidos inflamáveis, representando de 20% a 40% das queimaduras.

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